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REGIÃO MARIA RAÍNHA DA PAZ - ANGOLA

REGIÃO MARIA RAÍNHA DA PAZ - ANGOLA
MEMBROS DA REGIÃO DE ANGOLA EM CAPÍTULO 2009

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A HISTÓRIA DE UMA VOCAÇÃO

A formação sacerdotal tem um caminho longo a percorrer. Muitos partem com muita força para uma meta e não alcançam tal meta e perdem-se no caminho. Os que chegarem à meta têm muitas experiências a contar. Altos e baixos contam, avanços e recuos contam, quedas e levantamentos contam…etc. E as experiências que são contadas pelos caminhantes são diversas e muitas delas, ou pelo menos uma, merecem uma especial atenção. O Angola SaletteInfo foi às encruzilhadas e colheu uma experiência vocacional muito rica de um Padre. Trata-se do Padre Eurico Piyali, Cerimoniário da Diocese de Benguela. Para Padre Piyali, Deus escreve direito em linhas tortas. Afirmou isto porque, de facto os caminhos que se usaram para ele chegar a Padre são realmente de admirar. Tudo começou assim: já cedo Eurico era um cristão activo na Paróquia de Sto.António – Benguela. Até, por sinal, trabalhou fortemente com o grupo juvenil daquela Paróquia. O Sonho de ser sacerdote surgiu-lhe através do gosto pela Bíblia que lia nos momentos livres e sobretudo nos momentos mais difíceis da sua vida. A ser assim, entrou no grupo vocacional depois ter terminado a 8ª classe e recusou o pedido que se lhe fez de fazer provas de Admissão ao Seminário. Concerteza, isto não agradou a irmã Rosário (Doroteia) que acompanhava os vocacionados. Por isso, afirma o Piyali, foi-lhe dado um mandato de captura e este falhou. Isto provocou no Piyali uma ruptura e o sonho de ser padre se esmagou e todas as esperanças se foram. Já não mais queria ser Padre. Nasce-lhe um novo sonho. Desta vez Piyali queria ser médico, o que implicava estudar medicina. Tentou ingressar duas vezes no IMS e tudo caiu em saco roto. Pensou em fazer matrículas no IMNE, mas não arriscou porque ser professor, para ele, era tudo à esquerda. Assim, ficou dois anos sem estudar. Para compensar esta vacância, optou por fazer negócios, viajando de “catroncas” do Lobito para o Sumbe. Neste entretanto, o sonho de ser presbítero renasce com novo vigor. Tudo foi graças a leitura orante da Bíblia, de que era amigo. Nesta leitura bíblica o que mais o marcou foi o relato da Paixão. De saber que há alguém que morreu pelos nossos pecados, isto foi para Piyali muito comovente. Mas o regresso ao grupo vocacional foi-lhe pesado tendo em conta a maneira como deixou este grupo. Agora a vida de negócios já era. Decidiu optar pela intelectualidade, fazendo o curso de Informática. Ai no curso se encontrou com alguns colegas que, por sinal eram os Padres José Inácio Hilieke, José Francisco e Gabriel Mussungu. Segundo Piyali, estes Padres assumiram um papel preponderante no que tange à sua vocação. No fim do curso de informática, Piyali e os Padres foram considerados os melhores alunos. Por isso, Padre José Inácio Hilieke prometeu emprego ao Piyali. O Pai que se encontrava gravemente doente há 4 anos constituía assim a maior dificuldade do momento. Pe.Inácio, que prometera emprego a Piyali veio a cumprir. Tudo calhou num momento em que o Bispo quis dar uma nova meta ao Seminário Maior do Bom Pastor. Um recepcionista e um guarda eram necessários neste projecto do Bispo. Piyali, por influência do Pe.Inácio, foi aceite pelo Bispo como novo funcionário do Seminário ocupando a pasta de recepcionista. Em Julho de 1995 Piyali tomava a posse como recepcionista. O trabalho de recepcionista, como se sabe, é aquele de acolher visitas. É o que Piyali fazia. Ficava todos os dias na casota que se localiza naquele portão que dá acesso à praça da Caponte, passando pela cerâmica. Era portador de um rádio Motorola, com o código “cambio”, que usava para se comunicar com o Padre Estêvão Binga e com a Irmã Manuela. Quando chegassem as visitas Piyali comunicava à Direcção e esta comunicava aos respectivos seminaristas que atendiam as suas visitas na casota do Piyali. Foi nesta altura, trabalhando como recepcionista, que Piyali se lembrou do seu sonho de ser Padre. A sua vocação foi realimentada pelo Padre José Dias Tumoma, que era seminarista de Filosofia, no seu último ano. Voltou outra vez ao grupo vocacional. Em Setembro de 1996 entrou no Seminário Propedêutico e deixou este trabalho de recepcionista. Ainda quase que deixava o seminário em segredo, por se ter sentido desmotivado. Mas graças ao Sempiterno, isto não aconteceu. Continuou para nunca mais sair. Eurico Piyali Pinto nasceu ao 27 de Março de 1976, na Kahala – Huambo; foi Baptizado aos 11 de Dezembro de 1977 na Missão de Quipeio; recebeu 1ª Comunhão em 1991 e a confirmação em 1992. Em Setembro de 1995 entrou no Seminário. Fez o Propedêutico de 1996-1998; Filosofia de 1998-2001; Teologia de 2001-2 005. Em 2002 foi nomeado Cerimoniário da Diocese. No dia 7 de Agosto de 2005 foi ordenado Diácono na Paroquia do Cubal e aos 30 de Julho foi ordenado Presbítero Curiosamente, Piyali, fez o estagio diaconal, no Seminário de Filosofia, lá onde foi recepcionista. E depois da ordenação presbiteral foi nomeado membro de direcção do mesmo seminário. Deus escreve direito em linhas tortas. Pe.António Tchindau, MS

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